LEITORES, POR QUE NÃO? A EXPERIÊNCIA LITERÁRIA E A REMIÇÃO DE PENA PELA LEITURA EM PENITENCIÁRIAS FEDERAIS BRASILEIRAS

  • Maria Luzineide Ribeiro Universidade de Brasília

Resumo

Esse artigo é um recorte da tese[1] que investigou o projeto Remição pela leitura realizado nas Penitenciárias Federais Brasileiras de Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). Em meio a questões estruturais inerentes a esse regime de confinamento, observa-se que a experiência literária desponta com seu viés emancipatório, tornando-se imprescindível à vida desses leitores. Nessa discussão, apresentamos esse espaço de confinamento, suas especificidades e o perfil desse leitor que, de certa maneira, se diferencia dos demais leitores encarcerados no país. Em suma, para além de uma medida redutora de dias, compreendemos que a prática literária reduz os efeitos da prisionização e contribui significativamente para a reformulação da visão de mundo do indivíduo encarcerado.


[1] Tese defendida no Departamento de Teoria Literária e Literaturas da Universidade de Brasília sob o título: Uma teia de relações: o livro, a leitura e a prisão: um estudo sobre a remição de pena pela leitura em penitenciárias federais brasileiras. 2017.

Biografia do Autor

Maria Luzineide Ribeiro, Universidade de Brasília
Doutora em Literatura pela Universidade de Brasília, com investigação voltada para a remição de pena pela leitura em penitenciárias brasileiras federais. Atuou como docente por doze anos em unidades prisionais do Distrito Federal e estudou a formação do leitor nestes ambientes. Atualmente, participa da implementação da remição de pena pela leitura no DF como consultora.

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Publicado
2018-07-31