DO MANUSCRITO AO FOLHETO DE CORDEL: UMA LITERATURA ESCRITA PARA SER ORALIZADA
Resumen
Considerações sobre a Literatura de Folhetos / Literatura de Cordel como uma literatura em processo, viva, que tem passado por várias mudanças, desde seu período de formação e produção de folhetos em vários estados do Nordeste. São destacados diferentes exemplos, dentre eles, os épicos manuscritos, colhidos por Euclides da Cunha durante a Guerra de Canudos, escritos para serem oralizados. O estudo centra-se na característica específica de ser uma literatura feita, mais para “os ouvidos” que para os olhos, desde o início, o que seria difícil de provar sem os estudos de vários pesquisadores e da leitura de folhetos existentes na coleção “Cordéis de Mário de Andrade”. Esta coleção integra publicações de outros estados e de alguns países, em que se faz uso da mesma “fórmula editorial”, identificada pelo tipo de edição em brochura, com capa de papel na cor branca ou colorido e miolo em papel jornal, mas contendo uma produção bem diferente do que se conhece como literatura de cordel. A coleção de Mário de Andrade também foi uma fonte fundamental para estudar a variação de denominações utilizadas pelos poetas populares nordestinos e, ainda, por fornecer o material que foi ponto de partida para dois ensaios de Mário de Andrade. Outra questão aqui desenvolvida diz respeito ao público tradicional constituído por leitores/ouvintes ou ouvintes/leitores, encontrados em pesquisas de campo, que trazem em sua memória uma ou mais histórias, publicadas em folhetos, decoradas, quando ainda eram crianças, mas que afloram sempre que surge uma oportunidade para “dizer” os versos ou cantá-los.
Publicado
2017-02-21
Sección
Dossiê Temático